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Em uma medida controversa que reacendeu o debate sobre os limites do poder presidencial nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump decidiu colocar a Guarda Nacional da Califórnia sob seu comando direto, sem o consentimento do governo estadual. A decisão foi duramente criticada pelo governador Gavin Newsom, que classificou a ação como ilegal, imoral e inconstitucional.
A Guarda Nacional, força de segurança que opera sob a autoridade dos estados, tem raízes históricas nas milícias coloniais do século XVIII — usadas tanto em conflitos internos quanto na luta pela independência americana. Desde a fundação dos Estados Unidos, a Constituição de 1787 definiu a federação como modelo político, estabelecendo a divisão de poderes entre o governo federal e os estados. Essa estrutura foi criada justamente para evitar a centralização excessiva do poder, permitindo que os estados tivessem autonomia militar e administrativa.
Segundo o modelo federativo, as Guardas Nacionais são normalmente utilizadas pelos governadores para auxiliar em desastres naturais, como incêndios e enchentes, ou para manter a ordem pública em situações emergenciais locais. Apesar disso, o presidente tem autorização legal para convocá-las em casos específicos, como guerras ou ameaças à segurança nacional — desde que a solicitação parta do próprio governador estadual.
Neste caso, Trump alegou que os protestos e distúrbios registrados em Los Angeles configurariam uma ameaça à ordem pública e à autoridade federal, justificando a intervenção sem a anuência do governador. “Quando manifestações impedem a execução da lei, configuram uma rebelião contra o Governo dos Estados Unidos”, diz trecho de um memorando divulgado pela Casa Branca.
O governador Gavin Newsom reagiu prontamente à decisão. Em publicação na rede X no domingo, 8, ele exigiu a retirada das tropas e o retorno do controle ao estado da Califórnia. “Não havia problemas até a intervenção de Trump. Isso representa uma violação clara da soberania do estado. A medida retira recursos de áreas que realmente necessitam e aumenta ainda mais a tensão local”, declarou.
O embate reacende uma antiga preocupação dos fundadores da república americana: garantir que nenhum presidente concentre poder suficiente para ameaçar a autonomia dos estados ou enfraquecer a democracia. Para muitos observadores políticos, a ação de Trump representa mais do que uma disputa pontual — trata-se de um teste aos limites do federalismo nos Estados Unidos.