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O café produzido no Espírito Santo alcançou um marco histórico em 2024, com exportações recordes que movimentaram mais de 8 milhões de sacas e geraram uma receita de quase R$ 10 bilhões para a economia capixaba. O crescimento foi impulsionado pela valorização do produto no mercado internacional e pelas dificuldades logísticas enfrentadas por concorrentes diretos, como o Vietnã e a Indonésia, que tiveram redução na oferta devido a condições climáticas adversas e desafios no transporte.
Mercado internacional aquecido
Segundo Sandro Rodrigues, secretário-executivo do Centro do Comércio de Café, a geopolítica mundial impactou a logística de exportação de alguns países produtores, tornando o grão capixaba ainda mais competitivo.
“Países que antes forneciam maciçamente para a Europa tiveram custos elevados para transportar seus grãos, devido a mudanças nas rotas comerciais. Isso favoreceu o nosso café, que ficou mais atraente no mercado internacional”, explicou Rodrigues.
O resultado dessa alta competitividade reflete-se nos números. Em 2024, o Espírito Santo exportou cerca de 450 mil toneladas de café por meio dos portos de Vitória e Capuaba, com destinos como Bélgica, Itália, Espanha, Estados Unidos e México.
Pedro Benevides, diretor comercial da Vports, destacou que o aumento na eficiência dos embarques tem sido fundamental para atender à crescente demanda. “Estamos trabalhando para otimizar ainda mais as operações e estudamos a possibilidade de implantar um armazém dentro do Porto de Vitória para tornar o escoamento ainda mais eficiente”, afirmou.
Impacto positivo na economia capixaba
Com 70% das propriedades rurais do estado ligadas à cafeicultura, a alta no preço do produto trouxe reflexos positivos para a economia do interior. Em 2024, a saca de café conilon chegou a ser vendida a R$ 1.160, enquanto a de arábica alcançou R$ 1.450. O café solúvel também se valorizou, com a saca atingindo R$ 1.200.
“Essa receita circula no interior do estado, permitindo mais investimento, geração de renda e desenvolvimento econômico”, acrescentou Rodrigues.
Para 2025, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um crescimento de 20% na produção, mas interlocutores do setor projetam até 25% de aumento nas exportações, impulsionadas pela demanda internacional aquecida.
O reflexo no bolso do consumidor
Apesar dos benefícios econômicos, o aumento na valorização do café também impacta os consumidores brasileiros, que enfrentam uma alta expressiva nos preços do produto nos supermercados. Em algumas redes, o quilo do café já é encontrado por R$ 50 e pode subir ainda mais nos próximos meses.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o produto foi o mais caro da cesta básica em 2024, registrando uma alta de 37,4% em relação ao ano anterior. Em janeiro, apenas um pacote de 600 gramas do produto teve um aumento de 11,66%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A previsão é que os preços continuem elevados até o segundo semestre de 2025, quando a indústria espera estabilização dos custos. “Ainda não houve o repasse total dos custos ao consumidor, o que pode gerar novas elevações de preço nos próximos meses”, afirmou Pavel Cardoso, presidente da Abic.
Diante desse cenário, consumidores devem se preparar para ajustes nos valores e possíveis mudanças nos hábitos de consumo, enquanto o café capixaba continua conquistando espaço no mercado global.