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Um estudo recente colocou Conceição da Barra, localizada no norte do Espírito Santo, como a segunda cidade mais afetada pela poluição de microplásticos no Brasil. O município ficou atrás apenas de Mongaguá, em São Paulo. Os pesquisadores identificaram a presença de microplásticos em 97% dos locais analisados, com destaque para a Praia de Pontal do Sul, onde foram encontrados 44 fragmentos de microplástico por metro quadrado, um número consideravelmente superior à média nacional de 4,5 fragmentos.
A pesquisa, conduzida pela ONG Sea Shepherd Brasil em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), revelou que a maior parte desses resíduos é composta por plástico duro e nylon, provenientes de atividades de pesca e embarcações. Esses materiais poluem praias e causam sérios danos à vida marinha, uma vez que os microplásticos são ingeridos por diversos animais marinhos.
Conceição da Barra possui 10 praias, sendo a Praia de Pontal do Sul uma das áreas mais impactadas. O local está situado em uma Área de Proteção Ambiental (APA) e serve de zona de desova para tartarugas. Mesmo com acesso difícil e pouca intervenção humana, os resíduos encontrados ali são reflexo de atividades marítimas próximas e da poluição trazida por correntes oceânicas.
O estudo destaca que, além de Conceição da Barra, outras cidades como Florianópolis (SC), Arroio do Sal (RS) e Natal (RN) também enfrentam problemas severos com microplásticos. Entre os principais itens encontrados nas praias brasileiras, 91% são de plástico, sendo 61% objetos descartáveis, como tampas de garrafa e bitucas de cigarro.
José Otávio Malta, secretário de Meio Ambiente de Conceição da Barra, comentou que esses dados alarmantes podem ajudar na implementação de ações de conservação e limpeza. A presidente da ONG Sea Shepherd, Nathalie Gil, enfatizou que os resultados do estudo são importantes para a conscientização pública, mas que devem ser analisados com cautela, pois representam um retrato momentâneo da situação.
Apesar da gravidade do problema, o estudo serve como um guia para as futuras estratégias de preservação das praias e controle da poluição marinha.