Domo de Ouro: defesa antiaérea dos EUA pode retomar negociações sobre controle de armas nucleares com a Rússia

Tempo de leitura: Breve

Em uma possível reviravolta diplomática, o governo russo sinalizou nesta quarta-feira (21) que os Estados Unidos e a Rússia podem retomar, em breve, negociações sobre o controle de armamentos nucleares. O motivo seria o ambicioso plano do presidente Donald Trump de desenvolver um novo sistema de defesa antiaérea, o chamado Domo de Ouro.

Avaliado em US$ 175 bilhões, o projeto norte-americano é inspirado no escudo de defesa israelense Domo de Ferro e tem como objetivo interceptar ameaças aéreas de países considerados estratégicos pelos EUA, como China e Rússia. Ao ser questionado sobre a iniciativa, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que se trata de uma decisão soberana dos Estados Unidos, mas alertou que o avanço do projeto pode influenciar diretamente nas relações bilaterais.

“Os desdobramentos atuais exigem a retomada de contatos para discutir questões de estabilidade estratégica”, disse Peskov, destacando que o governo russo ainda não tem informações detalhadas sobre o escudo americano e que existem muitas nuances a serem analisadas.

Rússia e EUA são os dois países com os maiores arsenais nucleares do mundo. Nas últimas décadas, ambos lamentaram a queda de acordos históricos voltados para o controle de armas, como o Tratado de Mísseis Antibalísticos (ABM) de 1972 e o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1987. Os EUA abandonaram formalmente o INF em 2019, acusando a Rússia de descumprimento — alegação que Moscou nega. Já a saída do tratado ABM ocorreu em 2002, também por iniciativa americana.

Segundo Peskov, a ausência de uma estrutura legal em vigor para limitar a corrida armamentista é prejudicial não apenas para os dois países, mas para a segurança global. Ele defendeu a criação de uma nova base de entendimento que possa restabelecer a confiança e evitar uma escalada militar indesejada.

A movimentação acontece em um cenário de crescentes tensões geopolíticas, onde a busca por equilíbrio e estabilidade estratégica pode ganhar novos contornos diante do avanço tecnológico em sistemas de defesa.

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