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Após alcançar R$ 6,10 nas primeiras horas desta sexta-feira (29), o dólar recuou para R$ 5,99 por volta das 13h30. A cotação inicial marcou o maior valor nominal desde junho de 1994, durante o início do Plano Real. Apesar do cenário de alta, o movimento perdeu força após declarações dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, indicando disposição do Congresso em revisar medidas fiscais.
O mercado financeiro continua reagindo de forma cautelosa às recentes propostas do governo para o ajuste do arcabouço fiscal. Especialistas apontam que as mudanças apresentadas pelo Ministério da Fazenda não foram suficientes para reduzir as preocupações com o equilíbrio orçamentário. Pelo contrário, a percepção predominante é de que o aumento dos gastos públicos pode acentuar os riscos fiscais, forçando o Banco Central a manter uma postura monetária mais rígida.
Oportunidade Perdida
Economistas criticaram a proposta governamental, afirmando que o atual cenário de queda no desemprego e crescimento do PIB poderia ser aproveitado para intensificar esforços na arrecadação e no controle de despesas. A ausência de cortes expressivos nos gastos públicos foi vista como uma decisão contrária às expectativas do mercado, comprometendo o potencial de solvência fiscal do país.
Esse contexto também elevou as expectativas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para os dias 9 e 10 de dezembro. Segundo dados da B3, há 71,5% de chance de um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, enquanto uma alta de 1 ponto percentual possui 19% de probabilidade. As projeções mais extremas, que preveem aumentos de até 1,5 ponto percentual, são menos prováveis, mas já aparecem no radar dos investidores.
Impactos Econômicos
A volatilidade cambial gera efeitos diversos na economia. Empresas exportadoras se beneficiam do dólar mais alto, enquanto importadoras enfrentam desafios com o aumento de custos. Setores como commodities e tecnologia podem demonstrar maior resiliência, mas o impacto sobre as margens de lucro das empresas em geral deve ser monitorado.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, destaca que a alta do dólar pode ser encarada como uma oportunidade para investidores identificarem setores menos expostos à volatilidade cambial.
Posicionamento do Congresso
No Congresso, Arthur Lira afirmou que os parlamentares terão “boa vontade” ao analisar as medidas de contenção de despesas, mas ressaltou que qualquer mudança na arrecadação só será considerada a partir de 2025. Rodrigo Pacheco, por sua vez, comentou a proposta de isenção do Imposto de Renda e enfatizou que a aprovação dependerá de condições fiscais favoráveis.
Embora o dólar tenha recuado ao longo do dia, o nível de R$ 6,00 segue como um ponto crítico, com forte influência psicológica sobre o mercado, segundo analistas. A evolução das negociações entre o governo e o Congresso será determinante para os próximos movimentos da taxa de câmbio e da política monetária.