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Produtores de café do Espírito Santo estão conquistando espaço e reconhecimento na Semana Internacional do Café (SIC), realizada de 20 a 22 de novembro, em Belo Horizonte. A feira, uma das maiores do setor no Brasil e no mundo, reúne grandes nomes da cafeicultura e destaca os cafés especiais capixabas das regiões Montanhas Capixabas, Caparaó e Conilon, que possuem certificações de origem e indicações geográficas.
O evento, que conecta produtores a mercados nacionais e internacionais, traz como tema este ano “Como o clima, a ciência e os novos consumidores estão moldando o futuro do café”. Com o Espírito Santo marcando forte presença, produtores locais também estão na final do concurso Coffee of the Year 2024, que premia os melhores cafés arábica e conilon do Brasil.
Café Cordilheiras: um campeão de destaque
Premiado como o melhor café arábica no Coffee of the Year 2023, o Café Cordilheiras, da cidade de Iúna, é uma das estrelas do evento. Liderada por Deneval Vieira Junior, a família produtora é um exemplo de trabalho colaborativo. Cada integrante desempenha um papel essencial: o pai cuida do pós-colheita, o irmão gerencia o cultivo, Deneval Junior se dedica à torra, enquanto a mãe organiza o empacotamento e lida com clientes.
Produzindo cafés especiais desde 2014, a família já conquistou espaço no mercado interno e externo, com grãos verdes exportados e cafés torrados vendidos para todo o Brasil. “O prêmio que ganhamos no ano passado ajudou a alavancar as vendas, especialmente de cafés torrados. Estamos crescendo a cada ano”, destaca Deneval Junior.
Mulheres lideram transformações na cafeicultura
O projeto Mulheres do Café, também presente no estande capixaba, vem mostrando a força das mulheres no mercado cafeeiro. Maria Luciene Pessin, produtora do Sítio São Francisco em Vila Valério, aposta na agricultura regenerativa para os grãos do tipo conilon. Sua produção é feita em sistemas agroflorestais, que valorizam a sustentabilidade e garantem a qualidade superior dos grãos.
Outro destaque feminino é Rita Bueno, de Muniz Freire, que está lançando o café Vale do Bueno, produzido na região do Caparaó capixaba. Enfermeira de profissão, Rita viu no café especial uma oportunidade de diversificar a renda da família e manter os jovens no interior. “Cada um na família tem uma função na produção. O café especial está cumprindo o que imaginei: aumentar a renda e dar novas perspectivas para o campo”, celebra.
Capacitação e storytelling: produtores preparados para o mercado
A Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Caparaó, presidida por Cecília Nakao, também levou 33 produtores à feira, todos com o selo de origem. Para isso, a associação investiu em capacitações, palestras e oficinas de pitch e storytelling, ajudando os participantes a apresentarem suas histórias e a conexão que têm com seus cafés.
“A ideia é que o produtor consiga se comunicar, contar sua história e destacar as qualidades do seu café. Isso fortalece a nossa região como produtora de cafés especiais e incentiva as novas gerações a continuarem essa tradição”, explica Cecília.
Inovação tecnológica e impacto social
Além dos sabores excepcionais, os cafés capixabas chamam atenção pela inovação. Muitos dos produtos trazem QR Codes nas embalagens, oferecendo informações detalhadas sobre o cultivo, análise sensorial e imagens das fazendas. Essa tecnologia ajuda a conectar produtores e consumidores, promovendo transparência e valorização da produção.
Com histórias de sustentabilidade, tradição familiar e superação, os cafés do Espírito Santo não apenas conquistam prêmios, mas também demonstram o impacto social e cultural do café especial no Brasil e no mundo.