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O Irã acumula atualmente mais de 400 quilos de urânio enriquecido a 60% — uma quantidade que ultrapassa qualquer necessidade civil conhecida e que se aproxima perigosamente do nível exigido para armamentos nucleares.
Uma sequência de bombardeios conduzida por Israel atingiu diretamente não apenas figuras-chave do setor nuclear iraniano, como generais e cientistas, mas também estruturas críticas do programa atômico do país.
Os ataques levantam novas dúvidas sobre o estado atual das principais instalações nucleares do Irã e os reais impactos das ofensivas.
1. Natanz
A usina de Natanz é uma das instalações mais emblemáticas do programa nuclear iraniano. Com centrífugas subterrâneas que enriquecem urânio, o complexo é fundamental para a capacidade nuclear do país.
O urânio natural possui cerca de 0,7% do isótopo físsil urânio-235. Para aplicações civis, como geração de energia, esse teor costuma ser elevado a 3–5%. No entanto, o Irã já ultrapassou a marca dos 60%, valor sem finalidade civil legítima e a poucos passos dos 85% exigidos para uso militar.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram colunas de fumaça preta emergindo da instalação. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que Natanz foi de fato atingida pelos bombardeios.
Imagens de satélite registram danos em diversos edifícios, mas ainda não há clareza sobre possíveis prejuízos às áreas subterrâneas, onde operam as centrífugas mais sensíveis.
2. Arak
Nos arredores da cidade de Arak está localizado o reator IR-40, que se destaca por utilizar água pesada como moderador e refrigerador. Diferentemente dos reatores de água leve, essa tecnologia permite operar com urânio natural — e por isso levanta mais suspeitas quanto ao risco de proliferação nuclear.
A produção de água pesada, também realizada no local, é parte essencial da operação desse tipo de reator.
Autoridades iranianas relataram que a estrutura foi alvo de ataque. No entanto, análises de imagens por satélite feitas no dia seguinte ao bombardeio não indicaram destruição visível no reator ou nos edifícios adjacentes.
3. Parchin
A base militar de Parchin, situada cerca de 30 km a sudeste de Teerã, é alvo histórico de suspeitas envolvendo a possível condução de experimentos relacionados à construção de armas nucleares.
Em outubro de 2024, Israel já havia atingido uma instalação dentro do complexo com o uso de drones.
Informações oficiais do Irã confirmam que o local foi novamente bombardeado. No entanto, até o momento, não há verificação independente que comprove a natureza ou a extensão dos danos causados.
4. Fordo
Assim como Natanz, a instalação de Fordo tem papel central no enriquecimento de urânio.
Desde sua inauguração, em 2011, o local é descrito pelo governo iraniano como um centro voltado para pesquisa e produção de material com fins médicos, especialmente urânio enriquecido a 20%.
Entretanto, em 2023, inspetores da AIEA detectaram partículas de urânio com 83,7% de pureza — o nível mais próximo de um material armamentício já encontrado em território iraniano.
Fortemente protegida, Fordo foi construída sob uma cadeia montanhosa, dificultando qualquer ofensiva direta. Embora ainda não haja confirmação oficial de danos causados nos ataques mais recentes, sua condição de alvo estratégico permanece evidente.
