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Uma investigação da Polícia Civil revelou que líderes do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção criminosa com atuação no Espírito Santo, estavam ordenando a execução de policiais e coordenando o tráfico de drogas e ataques a ônibus de dentro do Presídio de Segurança Máxima II, em Viana. As operações eram conduzidas por meio de mensagens repassadas por visitantes, o que resultou na prisão de seis mulheres acusadas de atuarem como intermediárias.
A operação policial, deflagrada na manhã desta segunda-feira (30), cumpriu 10 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão em quatro cidades: Vitória, Serra, Aracruz e Cachoeiro de Itapemirim. As prisões ocorreram nos bairros Penha e Itararé, em Vitória, além de Conquista e Cachoeiro de Itapemirim. Entre as detidas estão mãe e filha, que, segundo a investigação, estavam diretamente envolvidas na comunicação entre os líderes da facção e seus comparsas fora da prisão.
De acordo com o delegado Alan Melo, um dos responsáveis pelo caso, as mulheres utilizavam as visitas aos presídios para repassar instruções das lideranças do PCV para os traficantes em liberdade, servindo como uma espécie de “pombo-correio”. “Essas pessoas se aproveitavam do direito constitucional de visitar seus familiares detidos para cometer crimes, transmitindo ordens sobre homicídios, disputas de territórios e ataques a bens públicos”, explicou o delegado.
Entre as instruções dadas pelos líderes da facção, uma das mais alarmantes era a ordem para matar policiais em cada um dos bairros dominados pelo PCV. “Essa estratégia já foi amplamente utilizada em São Paulo no início dos anos 2000, com a incitação de violência por meio de queima de ônibus e ataques a autoridades”, afirmou Melo. Ele destacou ainda que, além das execuções, as ordens envolviam a organização do tráfico de drogas em várias regiões do estado.
As visitas ao presídio ocorriam de forma coordenada, com uma frequência quinzenal, permitindo que as informações fossem constantemente atualizadas e transmitidas para garantir a continuidade das operações criminosas. “Era uma organização meticulosa, com mensagens transportadas e tratadas de maneira estratégica para garantir a manutenção do poder da facção, inclusive com decisões sobre assassinatos e controle territorial”, detalhou o delegado.
As seis mulheres presas na operação estão sendo investigadas por associação criminosa e participação ativa nas atividades ilegais do PCV. A Polícia Civil continua a busca por outros envolvidos e segue com a investigação para desmantelar a rede de comunicação da facção dentro e fora dos presídios do Espírito Santo.